quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Poemas de Caio Fernando Abreu

Tenho a boca afiada de punhais
não choro
olho os faróis com duros olhos
ardidos de quem tem febres
mas não sangro
as mãos vazias deixam passar o vento
lavando os dedos que não se crispam
não há palavras, nem mesmo estas
o único sentido de estar aqui
é apenas estar secamente aqui
cravado como um prego
em plena carne viva da tarde.

JULHO.1980


Como um silêncio teu
no corpo da madrugada
estruturado o espanto
arquitetura da mágoa
na noite - brilho de espera
na esfera - manhã fugindo

Eu que desvendei
as searas do cansaço
numa floresta de busca
encontrado involuntário
Amigo
eu que te espero renovado em espanto
o jeito branco como um cavalo no escuro.


Pour toi, mon chér... pois sei o quanto gostou de Caio...

2 comentários:

Unknown disse...

Adorei seu blog rosana..estou começando a conhecer o trabalho do Caio F. Abreu e foi mais um motivo que me levou a postar esse comentario!
gosto de textos que falam do sentimento profundo mas sem melancolia...palavras profundas mas firmes!percebi isso no seu blog.

Unknown disse...

Adorei seu blog rosana..estou começando a conhecer o trabalho do Caio F. Abreu e foi mais um motivo que me levou a postar esse comentario!
gosto de textos que falam do sentimento profundo mas sem melancolia...palavras profundas mas firmes!percebi isso no seu blog.