domingo, 14 de agosto de 2011














"E mesmo sorrindo por ai, cada um sabe a falta que o outro faz. 
Nunca mais se viram, nunca mais se tocaram e nunca mais serão os mesmos. 
É fácil porque os dias passam rápidos demais, é dificil porque o sentimento fica, vai ficando e permanece dentro deles. 
E todos os dias eles se perguntam o que fazer. 
E imaginam os abraços, as noites com dores nas costas esquecidas pelo primeiro sorriso do outro. 
E que no momento certo se reencontrem e que nada, nada seja por acaso."


Caio Fernando Abreu


Para J. L... Abimo pectore...

domingo, 17 de julho de 2011

Igual a Qualquer Um...





Melhor que eu não te conte novidades,
Nem diga nada muito diferente,
Nem faça teorias sobre a gente,
Nem fale dessa angústia que me invade.
Melhor juntar palavras já testadas:
Amor, Saudade, Beijo, Despedida.
Um saco de figuras repetidas,
Tão gastas que já não te digam nada.
Pois só o que for extremamente fácil,
banal como as canções do rádio,
Replay de algum clichê, lugar-comum
E nunca retratar a nossa vida,
Vai te deixar feliz e comovida
E te fazer igual a qualquer um

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Da Queda



Seus olhos perdiam-se na janela próxima sem na verdade fixarem-se em algum ponto específico. Olhava através da janela, é verdade, mas nada via. Sentia o frio subir-lhe pelos pés, mas também não se importava. Às vezes os ossos doíam, mas até a isso acostumara-se. Ela, que já caíra tanto, vezes sem conta a ponto de nem mesmo poder mensurar qual teria sido a mais dolorosa delas, estava arrasada. Não havia outra palavra para descrevê-la...há muitos dias...meses...
A dor da alma transparecia no olhar, hoje vago, distante, sem brilho algum. Não havia vontade. Não havia mais motivos. Ela apenas esperava o transcorrer lento das horas. Uma agonia cruel e sem fim. As horas arrastavam-se para se tornarem dias...os dias, semanas...as semanas, meses... e ela sabia que sobreviveria... Seu corpo era sua casca... Por dentro, nada. Tudo oco. Vazio. Desprovido de cor, forma, sentido. Nem mesmo ela se habitava... E também não se encontrava em lugar algum. Levaram-na de si mesma. Talvez tivesse sido ele, ao levar consigo o que havia de maior para si, que era ele mesmo nela, ela mesma nele. Ela olhava em volta... Sua vontade era gritar, mas sabia que ninguém jamais a ouviria. Ninguém entenderia. Ninguém saberia...
A dor explodia em si milhares de vezes ao longo dos dias que se acumulavam em sua vida. Cinzentos. Completamente ausentes de cor. Mas sentia a própria dor vermelha dentro de si. Sangrenta. Escorrendo viscosa por todas as suas paredes como se cães famintos com presas afiadas lhe dilacerassem a carne. Sua dor era quente. Era lenta. Era funda. Era a dor de parir ao revés. Sua dor era pior que a dor irremediável da morte. E ela mantinha o silêncio. Os olhos perdidos na janela próxima.
Vez em quando percebia que até mesmo as lembranças esmaeciam-se em si. Talvez ele tivesse levado até mesmo elas... Tirara-lhe tudo... O que ficara era pouco. Era nada. Era só vazio e dor.
Quando atrevera-se a caminhar, foi como pisar em cacos de vidros, navalhas, lanças envenenadas. Algumas vezes ela tentara. Até por fim desistir. Sabia-se aleijada. Mutilada de forma irreparável, irremediável... Insuportável. Claro, restara-lhe os pés. Mas desaprendera os passos para seguir qualquer caminho. Restara-lhe os escombros que, vez por outra, quando os olhos corriam ao redor como a buscar algo que sabia não se encontrar mais ali, contemplava, ainda estarrecida, como se fosse incapaz de compreender tamanha destruição. Os ingênuos realmente são assim. Custam a crer nos abismos aos quais são lançados de maneira impiedosa...covarde...cruel...
Sabia que parecia louca. A dor a enlouquecera. E enlouquecia ainda, cada hora um tanto mais. Não se reconhecia ao olhar-se no espelho. O que via ainda era ele. Mas quem era ele? Ela não sabia...Não sabia mais... Perdera a conta de quantos espelhos estilhaçara pela casa ao deparar-se com aqueles olhos de brilho ambarino...olhos de som e cor... Não mais queria vê-los e agora eram milhares de olhos encarando-a nos cacos de vidro pelo chão. As vagas lembranças que ainda permaneciam costuradas às costas pesavam hoje como mortalhas. Quando cansava-se de lutar contra o pouco que lhe restara, deitava exausta no chão entre víboras, escorpiões, ratos que roíam as sobras que ele lhe deixara por herança. Sobre as sombras que ainda teimavam em habitar a casa, ainda sentia o cheiro dele. Impregnava seus pulmões. O cheiro de sal e sol...
Já não havia pão, pele, leito, fome, vida. Havia o frio, cada vez mais intenso lá fora. Ela sentia penetrar-lhe nos pés descalços. Via a noite adentrar o céu pela janela. Ainda que não importasse, via. Cegara-se para o mundo, era verdade. Mas fingia. Fingia que via. Fingia que estava ali. Fingia que vivia ali. Ninguém percebia que seu corpo era hoje o sepulcro da alma morta... A mentira evapora. Fora apenas isso que ele lhe deixara...


Rosana Ribeiro 06.julho.2011

Para Jean Luvisoto... Mesmo agora...

Adeus você - Los Hermanos



"...não pensa que eu fui por não te amar"...

Do Outro



"...todo jardim é um caminho sem volta..."
Jean Luvisoto

Pra pensar...



'Há pessoas que se contentam com o que suas mãos alcançam.
Outras, almas inquietas, trazem em si a urgência visceral de ir além.
Sabem que cada momento da busca tem uma razão, principalmente os difíceis (sem dúvida eles existirão).
Seguem ao encontro da plenitude, mesmo sem saber se ela é um delírio ou uma conquista pessoal possível.
Será esse o quinhão de prazer que nos cabe? Como saber se é melhor ficar com o que quase nos satisfaz ou arriscar conseguir o que realmente se deseja?
Como ter certeza de que o prêmio vale o perigo?
Não dá pra ter certeza, o negócio é baseado no risco.
E é quando arriscamos topar com a dor que nos tornamos inteiros.
Só no instante em que decidirmos viver plenamente é que poderemos, enfim, começar a ser felizes.''

(Ailin Aleixo - escritora de Só os idiotas são felizes)

sábado, 2 de julho de 2011

Porque há a saudade...o cansaço...a dor...e o amor...abimo pectore.


"...Eu quero descansar no teu peito
O cansaço dessa vida e o peso de ter que ser alguém
Eu já não sei o que faço, meu bem
Nem o que farei...

Mas se você quiser e vier
Pro que der e vier comigo
Eu posso ser o teu abrigo..."

sábado, 25 de junho de 2011

"...podemos ser completa e honradamente quem somos"... Isso é fundamental...e realmente só acontece raras vezes... tive "sorte"...



''Uma alma gêmea é alguém cujas fechaduras coincidem com nossas chaves e cujas chaves coincidem com nossas fechaduras.
Quando nos sentimos seguros a ponto de abrir as fechaduras, surge o nosso eu mais verdadeiro e podemos ser completa e honradamente quem somos.
Cada um descobre a melhor parte do outro.''

quinta-feira, 23 de junho de 2011




"Ele pode estar olhando tuas fotos neste exato momento. Por que não?
Passou-se muito tempo, detalhes se perderam. E daí?
Pode ser que ele faça as mesmas coisas que você faz escondida, sem deixar rastro nem pistas.
. . .
Por escolha ou fatalidade, pouco importa, ele pode pensar em você. Todos os dias.
E, ainda assim, preferir o silêncio.
Ele pode reler teus bilhetes, procurar o teu cheiro em outros cheiros.
Ele pode ouvir as tuas musicas, procurar a tua voz em outras vozes.
Quem nos faz falta, acerta o coração como um vento súbito que entra pela janela aberta.
Não há escape.
Talvez, ele perceba que você faz falta e diferença, de alguma forma, numa noite fria.
Você não sabe.
Ele pode ser o cara com quem passará aquele tão sonhado verão em Paris.
Talvez, ele volte. Ou não."

Caio Fernando Abreu



''Ninguém precisa se assustar com a distância,
os afastamentos que acontecem.
Tudo volta!
E voltam mais bonitas, mais maduras, voltam
quando tem que voltar, voltam quando é pra ser.

Acontece que entre ainda-não-é-hora e nossa-hora-chegou,
muita gente se perde.

Não se perca viu!''


Caio Fernando Abreu



"Ninguém pode construir em teu lugar as pontes que precisarás passar para atravessar o rio da vida. Ninguém, exceto tu, só tu. Existem, por certo, atalhos sem números, e pontes, e semideuses que se oferecerão para levar-te além do rio: mas isso te custaria a tua própria pessoa - tu te hipotecarias e te perderias. Existe no mundo um único caminho por onde só tu podes passar. Onde leva? Não perguntes, segue-o."

Nietzsche



"...meus pés irão com flores
andar sobre o teu silêncio"...

Hilda Hist



”Há em você alguma coisa de mim.
Alguma coisa que eu vejo e me acalma.
Como se eu pudesse deitar de novo no lugar de onde vim, pois só você sabe que lugar é esse.
Então você me entende…
E eu não me entendo tanto quanto entendo de ti.
Talvez isso seja amor.
Talvez não.
Seja lá o que for, é incondicional.”


Para Jean Luvisoto...

quarta-feira, 22 de junho de 2011


"Não me prendo a nada que me defina.
Sou companhia, mas posso ser solidão.
Tranqüilidade e inconstância, pedra e coração.
Sou abraços, sorrisos, ânimo, bom humor, sarcasmo, preguiça e sono.
Música alta e silêncio.
Serei o que você quiser, mas só quando eu quiser.
Não me limito, não sou cruel comigo!
Serei sempre apego pelo que vale a pena e desapego pelo que não quer valer…
Suponho que me entender não é uma questão de inteligência e sim de sentir, de entrar em contato. ou toca, ou não toca".

Clarice Lispector

PARADEIRO




De longe eu vim
Não via nada
Eu vim tecendo a tua estrada
E se voltei por onde fui
Foi pra te mostrar que eu me lembro
Eu nunca tive a intenção
A luz chegou não dita e o dia veio...
Vou te transformar em paradeiro
Pra você não ser distância
Vou te procurar o ano inteiro
Pra você não ser lembrança...
(...)Se preciso for
Te invento toque e me faço mão
Se preciso, flor,
Te invento sombra e me faço chão...
Vou te transformar em paradeiro...

Jean Luvisoto

Para ele...sempre...abimo pectore...

"Cada pedaço de mim sabe o inferno que é ser sol em noites de chuva,
ser cor nos cinzas dos edifícios,
ser luz na escuridão das manhãs.
Cada todo de mim sabe a delícia que é ser flor nas asas do vento,
ser cristal nos olhos das fadas,
ser azul no fundo do mar.
Cada suspiro de nós dois sabe a angústia que é ser só um na multidão dos dias,
dentro da mediocridade da vida,
o que é ser quando tudo o que resta é o nada da ausência,
o vazio das longas noites sem sentido,
o silêncio das palavras que ainda estão por dizer..."

Para ele...meu menino de nome francês...Abimo Pectore...sempre...pra sempre...

"Eu te conheço até o osso por intermédio de uma encantação que vem de mim para ti.
Só há uma coisa que me separa de você: o ar entre nós dois. Às vezes para ultrapassar esse quase cruel afastamento, eu respiro na tua boca que então me respira e eu te respiro. Mas só por um único instante, senão sufocaríamo-nos: seria o castigo que se recebe quando um tenta ser outro."
"...E AMBOS ANDAVAM TONTOS...ERA O AMOR..."

terça-feira, 24 de maio de 2011

"... E PRA EVITAR TUA PARTIDA
EU TE ENTREGO MINHA VIDA
EM ALMA E CORAÇÃO..."

Jean Luvisoto
"...DESENHO UM CORAÇÃO NA AREIA E QUERO QUE ELE SINTA O MESMO QUE EU SINTO AGORA..."

MAIO/2005

De J.L.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Dos Castelos


“...quando a gente precisa que alguém fique, a gente constrói qualquer coisa, até um castelo”. Caio Fernando Abreu

Os meus lábios ainda estão coloridos da tua saliva. Pousadas neles, há as marcas dos teus beijos que sempre foram para mim como pássaros em revoada antes do pouso. Há as marcas dos teus dentes. O sangue escorrendo vermelho a dor da ausência.
Nos meus lábios ainda ressoam as súplicas e murmúrios, o desejo, sempre sôfrego, de te absorver, te viver por dentro, te conhecer inteiro. Os meus lábios se entreabrem em busca do ar que me falta, te sugam no vento, hálito morno que me chega e dilacera e me lembra as mentiras que me destes. A mentira evapora. As tuas insistem em ficar. Meus lábios não têm força para perguntar o porquê. E eu também não me importo. Silencio apenas. Deixo que teus beijos mortos sepultem meus lábios e me calem. Nem prece haverá.
A ti, o que ofereço hoje são apenas minhas tristezas, todas elas as causastes, as ofereço em meus olhos para que as acolhas em teus braços, embalando-as no impreciso espaço entre teu ombro e teu peito, entoando canções para que as dores das feridas acabem por adormecer, aliviando o sofrimento que me destes como herança. Tu semeastes a fúria de uma tempestade de assombros e destes as costas. Hoje é a sombra que segue todos os passos nos teus dias de horas que se repetem sempre iguais, vazias de sentido.
Tu, que condiciona teus pés no caminho errado, anestesia os braços pela falta de abraços, perde o rumo, nada enxerga além da escuridão que fizeste ao teu redor, que contorna e toma conta de todos os teus espaços; tu, que sentes o frio e o espanto de te olhares no espelho e nada veres além de mim fundida em ti, repleta dos teus cansaços... Te fazes de louco, esperas que teu grito rouco estilhace as vidraças que circundam teu vazio, espaço que destinastes para encerrar teus sonhos que apodrecem um a um, enquanto ao redor faz-se um muro de pedras construído pelas tuas desculpas vestidas de impossibilidades. De longe eu sorrio...lábios trêmulos e hesitantes. Continuas tão belo quanto tolo. Não vês meus braços ainda estendidos para ti, na ponta dos dedos a crueldade da distância. Meu olhar te machuca porque hoje tentas sair das grades atrás das quais tu mesmo te encerraste. Meus olhos te machucam por te mostrarem as feridas que tu mesmo causastes e são tantas e tão fundas. Tu sabes, tão claro, que jamais serei em ti o laço que desatas...

Rosana Ribeiro 02.março.2011

P/ Jean Luvisoto, abimo pectore, sempre, pra sempre.