sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Dele para mim...

"Não trago mapas, não leio as placas, não sigo pegadas quando sei que são tuas... Se perdi o tom foi pra escapar da tua atração... Devolva-me o que você levou... Leve-me contigo... Perca-se comigo..."

E me perder por esse amor é me encontrar...

Je t'ambrasse plus fort, mon enfant avec le nom français...

Hoje... pra você...

"Seja do que forem feitas as almas, a minha e a dele são a mesma"...


"Amar-te foi belo porque tive a certeza de estar viva quando a morte me tocaste mais vezes do que sabes"...

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

"Não se compreende música: ouve-se. Ouve-me então com teu corpo inteiro".

P/ Jean Luvisoto. "Saudade ancestral"...

Pour toi, mon coeur...

"Eu te recebo de pés descalços: esta é minha humildade e esta nudez de pés é a minha ousadia".
Amanhece em mim teu céu
Azul e tão claro,
Depois de toda a tempestade.
Brilha para mim teu sol,
Seca de mim todas as lágrimas,
Até aquelas que tu não causastes.
Ilumina em mim
Aquilo que um dia foi dor e solidão,
Silêncio e escuridão
Porque só tu sabes
O quanto caminhei para finalmente poder voltar.
Recebe de mim
O cansaço, o desgosto, a tristeza do desamparo
Volto meio morta
Retalhada em postas
Dor lancinante transpassando o peito,
O mesmo que tu ainda habitas.
Recolhe em mim
Todas as perdas que me pesam,
Que me calam,
Que turvam meus olhos. Compartilha comigo nosso tão precioso silêncio,
Entrelaça tuas mãos com as minhas,
Por alguns minutos,
Me proteja do mundo em teu abraço.
Eu só me permito te perder
Se for bem devagar...

23.Setembro.2007
P/ Jean Luvisoto. Amor, fé, minha alma igual.
Mais uma vez
O silêncio se fez
Erva daninha destruindo tudo
Até mesmo o que não chegou a ser,
O que se torna
Nó na garganta
Fim de qualquer esperança
Vasto deserto que não comporta a vida.
Não tema agora
A escuridão das noites,
O sol imenso no céu
Que não te aquece,
O vento cortante
Que não te toca mais.
Acostumastes com o vazio dos dias,
A falta de brilho nos olhos,
Braços que se estendem na direção do nada
Busca incessante por aquilo que não mais se vê
Verbos que se conjugam
No tempo de quando...
Palavras que morreram
Ante o silêncio que se fez
Uma outra vez.


04.Setembro.2007
P/ Jean Luvisoto. Por ser tanto, tudo, até mesmo o incômodo silêncio que temo.
Percorre com tuas mãos
Meu corpo branco
Quente
Derretendo por ti
Fundindo-se com teu próprio desejo.
Bebe-me inteira
Com tua boca necessária
Líquido e carne
Furor e silêncio.
Atravessa-me com teu próprio corpo,
Me descubra
Me guarde para si
Antes que eu me perca.
Marca minha pele com teu toque
Pêlos arrepiando ao contato,
Febre levando ao delírio.
Deixe que meus seios te ofereçam vida,
Que sejam teu repouso
Tradução de volúpia e lascívia
Que tu descobrirás a cada vez que me despir.
Colhe da minha boca o beijo que precisas
Cala
Silencia todo temor que é nos sabermos assim
Entregues,
Famintos,
Um pelo outro, perdidos.

15.Julho.2007
P/ Jean Luvisoto. Palavras não existem que possam definir tanto... Abimo pectore.
Ele tinha os olhos mais tristes que já vira. E eram doces. E a acompanhavam com verdadeira adoração quando ela seguia, para onde quer que fosse, desfilando para ele num jogo de provocação quase cruel.
Ele a observava sempre com seus grandes olhos tristes. Desenhava cada detalhe do seu rosto e do seu corpo em sua mente. Nada havia de segredo no que podia imaginar.
Quase todas as manhãs ele estava lá, olhos tristes e atentos. Nenhum detalhe dela se perdia para ele. Sabia que gostava de flores, não rosas, comuns demais para ela, mas gérberas que explodiam cores, orquídeas resistentes, sutis em sua força. Sabia também que gostava da chuva só da sua janela, mas algumas vezes deixava-se banhar por ela. Talvez quando precisasse lavar de si alguma dor de amor para continuar seguindo livre por suas ruas, onde ele a perdia de vista. Seus olhos não a alcançavam.
Seua olhos tristes se alegravam com o sorriso fresco de cada manhã. Esperava por ele a cada noite. Compromisso com hora marcada. Alimento diário que o nutria.
Ela nada sabia, mas ele estava ali. Sentinela a postos em cada madrugada que ela surgia, princesa de seu conto de fadas. A delicadeza estava naquilo que ela não revelava, mas ele sabia. Fora descobrindo aos poucos a mulher de olhos claros e passos seguros.
Sorria sempre de onde ela não via, quase encantado pelo som cristalino da sua voz somada a das crianças no parque. Até mesmo as crianças paravam quando ela surgia, silenciando as vozes e esperando também pelo sorriso, os olhos divertidos ao se juntar a elas na brincadeira.
Sabia que ela gostava de se equilibrar no meio-fio das calçadas, de brincar, divertida, com os paralelepípedos da rua quando julgava não ser observada. Só os olhos dele a seguiam. Tristes e atentos.
Ele a via brincar com os cachorros na rua, a correr apressada para o trabalho, praguejando baixinho pelo atraso. Via também as sombras da janela enquanto ela dançava como uma cigana. Ouvia a música e lembrava dos seus olhos com brilho infantil e o som do riso cristalino. como ela podia não gostar de rosas quando as pétalas rubras cobriam seu corpo branco em seus sonhos? Era a única coisa que não sabia dela.
Sabia também que ela era só. a sua solidão transparecia em seus olhos claros quando cruzava com os seus, escuros e tristes.
Gostava de vê-la chegar no meio de uma tarde qualquer, pegando-o de surpresa. E também nas noites, quando ela trazia consigo todo cansaço do mundo, olhos que se nublavam.
Ela gostava do sol. Vê-lo morrendo no horizonte, fogo poste em seus cabelos longos e negros, colorindo o rosto branco na janela, olhar perdido em um passado que ele jamais conheceria.
E numa noite silenciosa, ela surgiu envolta nas brumas que se faziam nas ruas. Não havia vento. Nem lua. Só ela nua na janela. Corpo claro estilhaçando a escuridão. Visão etérea de mulher e fera. Delicadeza de flor, bruxaria de feiticeira. De onde ele estava podia enxergar o brilho dos olhos acesos pelo vinho tinto, o preferido dela. Pensou que fosse enlouquecer ou se cegar ante a imagem dela na janela. Respirou mais fundo e sentiu o aroma de rosas que ela exalava.
Nessa noite ela o viu. "Que olhos tristes ele tem!". Os olhos mais tristes que ela já vira depois dos seus no espelho, mas sabia que disfarçava bem. Compadeceu-se com aquela tristeza que por vezes sentira também. Quem seria aquele que a observava de sua janela?
Na manhã seguinte, um tapete vermelho de pétalas se estendeu para ela em sua porta. Recolhera todas. Vestiria-se com elas mais tarde. Apaixonou-se pelas rosas rubras.


11.Junho.2007
Para Jean Luvisoto, mon enfant... fonte de toda e qualquer inspiração...

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Tudo de Mim - IRA!

Quando estás junto a mim
E o silêncio é quebrado por nossa respiração
Ofegante
Trêmula
E o frio da noite se transforma em nosso suor
Seu olhar se dirige ao meu
Seu sorriso... tímida
As suas mãos conhecem o meu prazer
E tudo o que eu posso fazer é retribuir o teu carinho
Te dando o maior amor que alguém já pôde sentir
Não quero mais que isso acabe, nunca mais que isso acabe
O seu olhar que se dirige ao meu
Porque eu gosto do seu cheiro
Gritos, gemidos...
e o meu coração batento em suas costas
E a vida então surgindo de ti...

Pour mon enfant avec le nom français... Abimo Pectore, sempre.

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Estenda tuas mãos
Em minha direção
Me tome de volta
Me busque para si
Não se perca de nós.
Me encontre no vento
Ouça o meu lamento
Ele tem um nome e é o teu.
Me veja na lua
Corpo branco refletindo luz
Entrega
Espera.
Feche tuas mãos e me guarde
Não me entregue
Ao mundo que existe
Longe de ti.


P/ Jean Luvisoto. Abimo Pectore. 24.Julho.2007

Da Dor

Tu és
A falha do tempo
O atraso
Desencontro
Por tuas mãos descobri o desgosto.
Tu és o estio
Lágrimas represadas
Que o céu não chora
Se nega
Ferindo a terra.
Tu és o deserto
Campo estéril
Mata sem trégua.
Tu és, da minha noite,
Toda a escuridão
Meu desalento
Meu desamparo na solidão.
Tuas mãos que não me chegam
Olhar que cega
Torpor da inércia.
Tu és, na minha vida,
O nervo exposto
Fogo fáctuo
Perguntas sem respostas
Ilusão de ótica.
No meu corpo,
Tu és meu ventre
E coração
Tu és meu sangue
Meu fogo
Tu és os cortes na minha carne
A dor
O grito silenciando todo amor.


P/ Jean Luvisoto. Abimo Pectore. 18.Julho.2007

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Nuvem Negra

Não adianta me ver sorrir, espelho meu
Meu riso é teu
Eu estou ilhada
Hoje não ligo a TV nem mesmo pra ver o Jô
Não vou sair, se ligarem, não estou
A manhã que vem
Nem bom-dia eu vou dar
Se chegar alguém pra me pedir um favor, eu não sei
Tá difícil ser eu
Sem reclamar de tudo
Passa, nuvem negra
Rasga o dia
E vê se leva o mal que me arrasou
Pra que não faça sofrer mais ninguém
Esse amor que é raro e é preciso pra nos levantar
Me derrubou
Não sabe parar de crescer e doer...

DJAVAN
"Amor de minhas entranhas, morte viva, em vão espero tua palavra escrita e penso, com a flor que se murcha, que se vivo sem mim quero perder-te. O ar é imortal. A pedra inerte não conhece a sombra e nem a evita. Coração interior não necessita o mel gelado que a lua verte. Porém eu te sofri. Rasguei-me as veias, tigre e pomba, sobre tua cintura em duelo de kordiscos e açucenas. Enche, pois, de palavras a minha loucura ou deixa-me viver em minha serena noite da alma pra sempre escura..."

GARCIA LORCA

Lágrimas Sólidas

"Esquece.
Esquecer o quê?
De mim e de nós.
O que poderíamos ser.
O que eu queria que fôssemos.
O que eu desejaria que você fosse.
O que me tornei
O que quer que fôssemos.
A situação que não se criou.
As palavras certas que jamais foram ditas.
As brigas que não tiveram socos e murros.
As lesões que não machucaram.
A corda que não nos uniu.
As roupas que não foram estendidas.
Os assuntos que não foram debatidos.
Os planos que não fizemos.
Os arroubos que não foram contidos.
Os cursos que não foram feitos.
Os desatinos que não foram curados.
A vida que quase tivemos.
Os instantes que pouco falamos.
Os olhares que não olhamos.
O choro não chorado.
Lágrimas sólidas.
As dores que às vezes não temos.
Flutuar nas palavras não resolve.
Eu não era pra você,
Era para o mundo.
Esquece a vida que nunca tivemos.
Esquece."
Choro junto com a chuva que cai
Todas as lágrimas do mundo
Represadas
Contidas
Desperdiçadas
Todas vãs.
Banham apenas meu rosto
E não lavam minha alma
Não cessam
Não secam
Não caem mais:
Choro por dentro;
Por dentro sangro e morro
A cada dia um pouco mais,
Lentamente...
Chamei teu nome nas noites,
Todas tão longas
Todas tão tristes,
E mesmo assim
Não respondestes ao meu chamado.
Esperei por ti todos os dias
De chuva e sol,
Corpo imóvel na janela,
Olhar fixo no hotizonte
E tu sempre me soubes onde...
E mesmo assim
Não veio ao meu encontro.
Ainda que não mais houvesse
O dia de céu claro,
A noite repleta de estrelas,
Depois de ti
Em mim sempre foi
Céu nublado, carregado de nuvens,
Noite escura
Onde preservo
Sem pudores ou receios
Gravados a sangue e fogo,
Teu nome em fermata,
Teus olhos de som e cor,
Teu corpo de deserto e fúria,
Teu cheiro de sal e sol,
Tuas mãos cravadas em minha carne.

P/ Jean Luvisoto. Abimo Pectore. 30/08/2007.

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

O céu nublado anuncia a chuva já bem perto. Da janela do meu apartamento, vejo ao longe a cidade tranquila. Volta a fazer frio. Enquanto observo a chuva começando a cair mansa, penso em tudo o que já foi, o que não pôde ser, o que vai ser a partir de agora. Contabilizo as perdas, os ganhos e me sinto zerada com a vida. Começo de novo, alma de fênix, renascendo sempre das próprias cinzas.
Tento manter o equilíbrio nessa tênue corda sempre bamba que é a vida. Atravessá-la corajosamente, impetuosamente é a única escolha que me resta. Sigo em frente.
Silêncio nas ruas, no meu apartamento, dentro de mim há muito ele já se instalou, impiedoso senhor que faz com que me depare com lembranças que não quero, hoje eu não as suporto.
Estendo a mão para que os pingos da chuva me toquem, lembrando-me que estou viva. Preciso ao menos me lembrar desse fato, pois há muito já não sinto. A dor me anestesiou. Nem mesmo o pavor dos dias seguintes me assalta mais. Melhor assim. Kamikase que sou, simplesmente me atiro, materializo o que desejo, vivo, sofro, sangro, bebo até o último gole. Às vezes engasgo. Noutras, tudo passa tão rápido que nem sinto o sabor através dos goles sôfregos.
O céu está branco... Se não fosse pela chuva, seria vazio... O som do trovão me lembra que em mim já é tempestade, cortes que não saram e não sangram.
Amanhã, mesmo que surja o sol, o temporal em mim permanecerá. Preciso dele para me fecundar uma outra vez. E seguir. Vazia de promessas e lembranças. Repleta da vida que habita em mim.

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Da Espera

Eu deixei a porta aberta. E você não veio. O vinho na taça te esperava, tanto quanto eu. O líquido rubro se esgotou, eu também. Te chamei e você não ouviu, me cansei. Apaguei as luzes, tranquei o quarto e tentei adormecer. Ainda assim nos meus sonhos você não chegou... Chorei... Você não soube. Não esteve aqui secando as lágrimas, segurando minha mão. Não bebeu na mesma taça. Não importa.
Fiquei triste. As lágrimas silenciaram depois de secas. Sulcos profundos no meu rosto. Somaram-se a todas as outras que não chorei por você. Teu rio é raso, enquanto eu, sou água do mar, revolta, tempestuosa, estrago, mas passo.
Te esperei na semana passada, enquanto eu precisava exorcisar fantasmas. Te esperei há dois dias, enquanto eu ainda tinha alguma esperança. Te esperei hoje, enquanto achava que te precisava para seguir o meu caminho. Te esperei há algumas horas, quando finalmente aceitei que éramos nós, quando ainda me restava a fé. Te esperei há cinco minutos, taça cheia de vinho, corpo sedento por ti. Me cansei, fui dormir. Desisti de nós.
O líquido rubro na taça cumpre o que promete, me entorpece, lento, enquanto te bebo devagar.
Trago em mim todos os silêncios e todas as vozes. Me calo. Me embriago com o vinho, tinto do nosso sangue exposto. Bebe também em mim para matar tua sede, fogo posto em ti sem que soubesses. Tranca a lua no céu. Hoje ela não aparece. Até as estrelas se escondem. Nem elas te querem. Cansadas de te esperar, desaparecem no escuro.
Ilumina então meu rosto com teus olhos. Farta em mim tua fome do mundo. Esquece o não. Estande a mão em minha direção antes que eu lhe dê as costas. Recolhe com a mesma mão as lágrimas que se cristalizaram, diamantes brutos da dor. Reflete em teu espelho apenas aquilo que sou. E cala. Palavras desnecessárias ferem e se desfazem no espaço entre nós e o beijo que não acontece.
Eu te deixo ficar. Desbrava o mar que tenho em mim. Desfaz a trança em meus cabelos. Deixe que eles se espalhem soltos sobre teu peito. Pôr-do-sol morrendo na tua pele. Adormece em meus seios teus receios. Recosta-te em mim que te acolho e calo. Liberto o silêncio. O mesmo que nos completa.

P/ Jean Luvisoto. Abimo Pectore

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Pour mon enfant avec le nom français

Atravessei desertos. Enfrentei tempestades e furacões. Mesmo com medo, segui adiante, pois outra direção para mim nunca houve. Entre descobertas e desgostos, me perdi e me encontrei. Me ofereci e me tomei de volta. Noites de frio, solidão e vinho tinto, de aconchego e sorrisos, de olhares perdidos no céu à procura do que estava tão perto e eu não via. Noites em que eu não queria voltar para uma casa vazia e repleta de lembranças tuas... onde tu nunca estivestes... onde tua presença era palpável... Seguimos vida afora unidos por um sentimento que não tem nome, nos permitimos, nos buscamos em cada rajada de vento que tocava nossos rostos, distantes um do outro e ao alcance de nossas mãos. Nossas vidas foram feitas de espera até nos encontrarmos, nos perdermos, nos encontrarmos de novo...
Agora, que não mais te alcanço, te ofereço como derradeiro ato desse sentimento visceral, a liberdade para seguir um caminho onde tu não vais mais me encontrar...

Do Silêncio

Não quero ouvir falar de ti, hoje ensurdeço. A calma que me habita é indiferença. A noite chega e teimo em não seguir com ela. Hoje eu não quero. Me rebelo, mas sei que vou. Preencho minhas horas com tudo aquilo que te é estranho, quem sabe assim tu te afastas um pouco de mim e me deixa respirar um outro ar que não o teu. Adio minha fuga. Meu refúgio hoje tem que ser as ruas da cidade, as luzes, o movimento quase hostil de uma noite que evito porque te sinto chamando meu nome em cada esquina por onde passo e você nunca esteve. Você não se importa. Nunca. Me toma pra si sem que eu queira me doar, pois nada mais há em mim. Vazia. Foi assim que você me deixou. Não olhou para trás mas ainda foge para mim. A desgraça do meu mundo é te ter raiz no chão sob meus pés. Nem a fúria me socorre hoje... Não alcanço as velas, por isso não consigo guiar meu barco. Mar bravio, noite escura. Nenhum porto. Teu silêncio teima em me fazer naufragar. Tua recusa estala em minha quilha e meu desejo é me lançar ao mar para me esconder, tentar encontrar no que é fundo aquilo que preciso e nem sei. A orquídea branca me olha do outro lado da sala. Faltam as palavras. Os gestos também. Falta aquilo que esqueço de dar. Aquilo que não consigo calar. Tudo aquilo que te faço saber.Sigo ainda na tua direção, não mudo o caminho porque não conheço outro rumo. E você sabe que quando me perco, o perigo é esquecer de voltar. Cala tua voz hoje... Me deixa ser surda. Tira a luz dos teus olhos que me cegaram uma vez. Remove tudo o que há de ti em mim. Me deixa escurecer...