quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Do Silêncio

Não quero ouvir falar de ti, hoje ensurdeço. A calma que me habita é indiferença. A noite chega e teimo em não seguir com ela. Hoje eu não quero. Me rebelo, mas sei que vou. Preencho minhas horas com tudo aquilo que te é estranho, quem sabe assim tu te afastas um pouco de mim e me deixa respirar um outro ar que não o teu. Adio minha fuga. Meu refúgio hoje tem que ser as ruas da cidade, as luzes, o movimento quase hostil de uma noite que evito porque te sinto chamando meu nome em cada esquina por onde passo e você nunca esteve. Você não se importa. Nunca. Me toma pra si sem que eu queira me doar, pois nada mais há em mim. Vazia. Foi assim que você me deixou. Não olhou para trás mas ainda foge para mim. A desgraça do meu mundo é te ter raiz no chão sob meus pés. Nem a fúria me socorre hoje... Não alcanço as velas, por isso não consigo guiar meu barco. Mar bravio, noite escura. Nenhum porto. Teu silêncio teima em me fazer naufragar. Tua recusa estala em minha quilha e meu desejo é me lançar ao mar para me esconder, tentar encontrar no que é fundo aquilo que preciso e nem sei. A orquídea branca me olha do outro lado da sala. Faltam as palavras. Os gestos também. Falta aquilo que esqueço de dar. Aquilo que não consigo calar. Tudo aquilo que te faço saber.Sigo ainda na tua direção, não mudo o caminho porque não conheço outro rumo. E você sabe que quando me perco, o perigo é esquecer de voltar. Cala tua voz hoje... Me deixa ser surda. Tira a luz dos teus olhos que me cegaram uma vez. Remove tudo o que há de ti em mim. Me deixa escurecer...

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