quarta-feira, 19 de março de 2008


Há dias assim, dias em que toda a minha tempestade se transforma em calmaria, em que o fundo se torna mais fundo simplesmente por não avançar. Há dias em que é preciso calar, recitar versos só no pensamento, relembrar, deixar que as palavras novamente floresçam, calmamente... Há dias, tantos deles que só nós sabemos, que apenas um olhar é o bastante para desnudar a alma, transcender fronteiras, romper barreiras. Há dias em que tuas mãos me oferecem flores, noutros, partem em busca de amparo, o teu refúgio seguro, e encontram. Há dias em que quero guardar meus segredos, noutros, preciso gritar ao vento a fúria que me corrói as vísceras. Há dias em que me perco e não espero que me encontres. Há dias em que apenas me pertenço. Há dias em que disponho mesa farta, um verdadeiro banquete de dúvidas, erros, acertos, mágoas, risos, lágrimas e um amor guardado. Há dias em que não espero por nenhum convidado. Eu mesma me dou de comer.


Rosana

19.março.2008


P/ Jean Luvisoto. Abimo Pectore, sempre.
(escutando John Legend enquanto mais uma tempestade se forma... dessa vez, fora de mim...)

Um comentário:

Luciana Cecchini disse...

"Há dias em que disponho mesa farta, um verdadeiro banquete de dúvidas, erros, acertos, mágoas, risos, lágrimas e um amor guardado. Há dias em que não espero por nenhum convidado. Eu mesma me dou de comer."

Nesses dias nos alimentamos de nós mesmos... muitas vezes tudo está cru. É difícil digerir. Mas digerimos...

Denso esse texto. Mas muito verdadeiro.