terça-feira, 8 de abril de 2008

Daquilo que nunca se perdeu...


Amo-te. Amo-te e sou hoje toda entrega. Dei-te minhas luzes, não escondi as sombras que espreitavam pelas frestas. E me quisestes mesmo assim. Avançastes pelos meus cômodos escuros sem medo algum, singrastes meus mares bravios, enfrentastes as tempestades que sou. Descobriu-me rio, fonte límpida onde matas tua sede, cachoeira onde banhas teu corpo moreno de deserto.

Amo-te e sou hoje toda espera. Horas maturando o tempo, dias que vão, noites que chegam enquanto teço em delicados fios a colcha de nossas preciosas memórias. Sou espera e ouço estalar em meu peito o eco dos teus passos.

Amo-te e sou hoje toda delicadeza. Pétalas frágeis de flor, farfalhar das asas de beija-flor, som de odes em harpa.

Amo-te e sou hoje toda lascívia. Corpo branco que te oferto, seios que te fartam, umidade entre as coxas que te enlaçam e mostram onde é teu lugar. Pêlos que se eriçam, desejo que exala pelos poros, é na minha boca que encontras o ópio para alimentar nosso vício.

Amo-te e sou hoje toda fúria, fera à espera da presa, dentes afiados cravados na tua carne, unhas que te retalham em postas, navalha esquartejando teus temores, tuas dores, teu mundo seguro. Sangro-te e sorvo das tuas veias o que me é necessário, me tornei filha de Nosferatu.

Amo-te em todas as palavras que te dou, jóias únicas incapazes de te traduzir, todas se repetem e te descrevem em belezas. Teus olhos de som e cor, melodia da tua voz que estilhaça o meu silêncio em mil pedaços, tua pele morna, teu cheiro de sal e sol, teu gosto de madureza. Sei também das tuas sombras e não as temo, amo-te apenas.

Amo-te e sou hoje a fé dos cristãos, a blasfêmia mais forte dos hereges, a culpa de todos os pecadores, sou a bênção da nossa redenção.

Amo-te lembrança, presença, urgência. Amo-te até naquilo que não sei, o que pressinto, o que em ti é meu espelho.

Amo-te, vivo-te, sinto-te.


Rosana


Para Jean Luvisoto, o meu menino de nome francês... Amigo, amor, amparo, abrigo, o que existe de maior e melhor em mim "desde então"... Abimo Pectore, pra sempre.

4 comentários:

Anônimo disse...
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Anônimo disse...
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Anônimo disse...
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Assim que sou disse...

...Amo-te lembrança, presença, urgência. Amo-te até naquilo que não sei, o que pressinto, o que em ti é meu espelho...

Linda alegoria, metáfora do amor e do desejo.
Primeira visita...ótima recepção.

bjs. Veronica